quinta-feira, 14 de março de 2013

O Sr. Incrível.



Por Vitor Ubiratan Silva (Estudante de Direito, amigo e colaborador).

  É inegável que o novo Presidente do Supremo Tribunal Federal do país, o ex-ministro Joaquim Benedito Babosa Gomes, vulgo Sr. Joaquim Barbosa, tornou-se nos últimos anos e mais destacadamente nos últimos meses, o mais novo super herói  brasileiro do momento. O super notável Joaquim Barbosa não alcançou esse status por causa de uma ou outra aparição destacada no cenário político nacional, mas sim por uma vida inteira direcionada a dedicação e entrega à um objetivo. Hoje, sua vida é emoldurada e apontada como exemplo a ser seguido por pessoas que almejam o sucesso. Pincelando rapidamente sua trajetória, o ex-ministro aos 16 anos de idade foi para Brasília trabalhar no correio Brasiliense, obteve bacharelado em Direito na universidade de Brasília, e em seguida seu mestrado em Direito do Estado. Prestou concurso publico para procuradoria da republica sendo aprovado, foi indicado a ministro do STF por Lula, entre outras atribuições. Balizando esta trajetória vencedora, cabe ressaltar que o ex-ministro é negro, o que contorna, dando todo um cunho dramático (em se tratando da realidade do negro neste país) a escalada vitoriosa que o levou a presidência do STF.
  Mas o que realmente o levou ao esplendor dos louros da gloria junto ao povo brasileiro, foram as suas atuações e posicionamentos em casos políticos de grande comoção nacional, como por exemplo, o caso do “mensalão petista”, último caso em que atuou como ministro. Sem entrar em maiores detalhes, neste referido caso, o ex-ministro atuou de forma complacente ao que todo o brasileiro honesto faria, por se tratar de crime de corrupção e lavagem de dinheiro público, todos os brasileiros sentiam-se completamente lesados, não diretamente em seu bolso, mas sim em sua alma, alma de trabalhadores calejados, extirpados diretamente em suas honras como homens e mulheres trabalhadores. Cada decisão a favor da “justiça imediata” contra os ditos “mensaleiros”, pronunciada pelo ex-ministro, aos quatro ventos e sem nenhum medo ou receio de contraditas vendas de seus colegas, era sentido pelo povo brasileiro com um direto de direita desferido diretamente contra o estômago da corrupção, levando a lona o maior fantasma da população brasileira, a corrupção. Sua atuação honrosa, digna, preceituada de bom caráter e principalmente enfadada por um senso de justiça direcionado para o anseio do certo, do justo e do juridicamente correto, o levaram a vestir a capa sagrada dos heróis nacionais, com muita justiça, diga-se de passagem.
  Esperem um momento, um ministro, ex-ministro, atuar no parlamento em nome do povo brasileiro munido de senso de justiça, caráter, senso de dignidade, com honra, sem medo, se mantendo incorruptível, etc.  Não era para ser assim? Quer dizer, estamos elevando um homem à condição de herói nacional apenas porque ele fez o que é certo fazer? Apenas por fazer o que ele é muito bem remunerado para fazer? Esperem um minuto, algo não está batendo, está? Não estou aqui dizendo que o problema é com ele, mas estou afirmando que o problema é com a gente, com o povo.  Quando penso no povo brasileiro, me vem na memória uma passagem ilustrada que li certa vez, onde um caçador famoso e morador de uma pequena cidade, certa vez, saiu para uma grande caçada, ele queria capturar vivo um grande felino da época, um tigre dentes de sabre, uma animal extremamente feroz, dito por muitos incapturável e indomesticável. Este dito caçador retornou vitorioso da sua caçada e foi reconhecido por todos como o maior caçador de todos os tempos. Depois de alguns meses, para mostrar sua imponência, este caçador saiu pelas ruas da cidade com o seu tigre amarrado há uma espécie de coleira, todos se assustaram, e ficaram mais espantados quando ao sentar em um bar, o caçador amarrou a coleira do feroz tigre a uma cadeira solta, e o mais impressionante para todos é que o tigre não se mexia, portava-se com se estivesse amarrado em um poste ou algo parecido. Questionado sobre o comportamento do terrível tigre, o caçador apenas respondeu: - Acalmem-se, não é o corpo do tigre que esta amarrado, mas sim sua alma.
  Quando leio sobre esses episódios, como o do “mensalão petista”, por exemplo, não consigo deixar de pensar que a alma do povo brasileiro está amarrada. É claro que o povo merece dezenas de “Joaquins Barbosas”, mas ele, assim como outros que com certeza existem por aí estão fazendo o que é correto, primeiro por serem pessoas de bem, e depois por ser exatamente isso que o ofício deles requer. Temos que aplaudir um trabalho bem feito? Com certeza, sempre! Mas elevar um homem ao status de super herói de uma nação por feitos de sua extrema responsabilidade, considero um ato de baixíssima autoestima. Todos os louvores possíveis a este grande homem e profissional chamado Joaquim Benedito Barbosa Gomes, que o Brasil e o mundo gerem mais dessas notáveis pessoas, mas que estamos amarrados a uma simples cadeira de madeira. Ahhh  isso estamos.


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